quarta-feira, dezembro 30

ainda ela

ela é uma tempestade e o verão.
a correnteza despedaça as casa e as pontes.

e depois um céu vivo profundamente azul.
e o vento que pega na minha mão,
e faz movimentos para que parta;
e faz força para que fique.

. vestígios do dia .

criei outro blog com dicas de música, cinema e livros.

http://vestigiosdodia.wordpress.com

passa lá!

quinta-feira, dezembro 24

bete ciência

bete olhou para o céu e pensou em como poderia datilografar poemas que tivessem a validade das nuvens. sim, porque havia ciência nos poemas e arte nas nuvens.

terça-feira, dezembro 22

trágico

a primeira carta que o homem escreveu para sua mãe chegou ao destino, mas ela havia falecido algumas horas antes. perdeu-se no inquieto funeral por causa da partilha. o homem não quis nada, soube em carta do falecimento e até sua morte orgulhou-se de ter aprendido a tempo a escrever para poder dizer todas intepéries e provações que sofreu na cidade grande.

só se arrependeu de não ter usado em nenhum momento a palavra amor.

quinta-feira, dezembro 17

tsuru.15

ele: bigodes feito de penas.
cinto de pedaços de livros.
ela: um brinco de grão de cacau.
batom de amores notívagos.

viagem em eliza

as pessoas são viagem.
a vida, paisagem.
eliza, um trem.

na estação, observo as viagens aguardando suas elizas,
enquanto a paisagem passa.

o trem chega e me beija.
e a vida parte.

quinta-feira, dezembro 10

véspera

hoje,
a cada respiração,
lembro-me de cada fôlego
que me faltou para dizer
e fazer a coisa certa.

lembro-me de cada véspera
que não se revelou véspera.
os dias mesmo,
não me recordo
porque se impregnaram
em todos os porvir.
mas as vésperas, sim, lembro:
casca marcada em árvore incendiada.

hoje, penso em todos os sorrisos
que eram para mim e deixei que fugisse
porque o mundo é o lugar que pertencem os sorrisos.
e não percebi que eu era também um mundo
e que sorrisos alheios podiam me habitar.

hoje,
a velha casa vazia é véspera:
a lembrança respira descontinuada
os sorrisos que deixaram de ser sorridos.

segunda-feira, dezembro 7

tsuru.14

quando o céu está bonito, é pecado você não estar também.

tsuru.13

o céu é imenso assim como seu sorriso.
mas o solo é que se planta os desejos.
e é lá onde as sombras nos contam histórias.

tsuru.12

chocolate com amendoas e café.
pão e o recheio que quiser.

tsuru.11

tomar banho de estrelas cadentes.
enxugar-se com manto da noite.
escovar os dentes com raios da alvorada.
sonhar com a esperança da supernova.

terça-feira, dezembro 1

ana partida

ana, eu que sempre fui apaixonado, vejo-te partir novamente. é uma pequena dor com a qual já me acostumei.

eu que já vi tantas anas libertárias sob tua pele flamulada, assisto aquela que finalmente se deixou ser liberta ir embora.

sempre foste saudade e cabelos curtos. aquela da poesia que encerrava em si as paisagens e processos. eu gostava dos teus redemoinhos, mas sempre tive medo de que não passassem.

eu tenho medo, ana, é que com seu coração agora aberto, eu não reconheça onde estive em todas as suas partidas.